Ludmilla foi chamada de “maconheira do pagode” e sua mãe, Silvana, diz que foi racismo
Publicado em:
19/03/2024
O cantor Ferrugem estava no carro com a mulher e as filhas quando uma música, super sensual, de Ludmilla tocou no rádio. Ele não gostou e a treta viralizou.
Maconheira do pagode
Ludmilla tem uma música, “Sintomas do Prazer”, e dizer que a letra é sensual é pouco. A letra é muitíssimo sensual:
“Deixou minha cama marcada
Completamente obcecada
Quando lembro dos lugares que você beijou
Fico molhada”.
E, obcecada e molhada são só uma primeira parte, porque o refrão é ainda mais explícito:
“Voltou pra casa cheia de sintomas de
Ô, pra que ficar dando show se minha pussy te viciou?”
Para quem não sabe, a pussy, é a palavra em inglês para o órgão sexual feminino. E não é o nome que médicos usam, como vagina. Está mais para a linguagem popular como xoxot@ ou xerec@.
Pois bem, Ferrugem estava no carro com a esposa e as três filhas, o rádio começou a tocar Ludmilla e sua música sensual e, uma das meninas pergunta:
“O que é pussy?”.
A esposa de Ferrugem, Thais Vasconcelos, contou a história num vídeo em que critica Lud:
“Estava voltando da escola, estava tocando Ludmilla, 7h30 da manhã, ‘minha pussy te viciou’. Tudo bem, mudou o idioma, mas continua sendo pussy. De manhã, na rádio”.
Ferrugem, nos comentários da postagem da esposa também criticou Lud e sua música:
“Ela quer ser a trapper (travesti) do pagode. Ela quer ser a maconheira do pagode. E as crianças tudo gostando dela. Pô! Devagar!”, disse Ferrugem.
O cantor, que tem músicas em parceria com Lud, pegou pesado.
Se as filhas do cantor gostam de Lud e, ela é maconheira e trapper, a conclusão de Ferrugem é que Ludmilla é um péssimo exemplo para as filhas.
Terminou por aí? Negativo, a treta estava apenas começando.
Foi bincadeira
Quando as críticas de Ferrugem e Thais viralizaram, o cantor resolveu dizer que foi só uma brincadeira:
“Vocês sabem que foi brincadeira, senão não teria postado, né? Fico pensativo sobre o nível de maldade de alguns ao problematizarem o assunto. Falei isso porque estava levando as meninas pra escola e escutando pagode no rádio, aí tocou o som dela, aí elas perguntaram o que era ‘pussy’. Aí já viu, né? Mas se for para forçar uma treta, falharam”, explicou o pagodeiro.
As redes documentaram que não foi brincadeira:
Ferrugem e sua esposa Thais criticam a letra da música “Sintomas de Prazer” de Ludmilla.
— Africanize (@africanize_) March 19, 2024
“Ela quer ser a trapper do pagode. Ela quer ser a maconheira do pagode. E as crianças tudo gostando dela. Pô! Devagar!”. pic.twitter.com/JQfsmV2fcp
A explicação não colou e mais uma pessoa resolveu entrar na brincadeira que virou coisa séria.
Dona Silvana diz que foi racismo
Silvana Oliveira, a mãe de Lud, viu e ouviu as críticas de Ferrugem e de Thais e entendeu que o motivo foi racismo.
Racismo contra negros que tiveram sucesso:
“Ver uma mulher preta no topo é meio difícil, ainda no pagode… Não desce de goela abaixo”, disse Dona Silvana.
E racismo também contra a opção sexual de Lud:
“Não é porque você é hétero que a sua família merece mais respeito do que a minha”.
Disse ainda que as crianças gostam mesmo de Lud, não adianta chorar:
“O fato de você ficar indignado porque as crianças estão gostando dela (de Lud), reclama com Deus”, disse a mãe de Lud e sogra de Bruna.
Foi ou não racismo?
Uma negra bem sucedida, homoafetiva, defensora da maconha, que fala sem meias palavras de sensualidade e, que diz o que pensa, incomoda?
Não há dúvida que sim. As crianças podem entender que Lud é um exemplo a ser seguido? As músicas dela só devem tocar depois que as crianças estiverem dormindo?
Não foi brincadeira não! Foi racismo mesmo, como Dona Silvana denunciou.
Ver uma mulher preta no topo é meio difícil? Nenhuma dúvida que sim, e Ferrugem e esposa só falaram o que está na cabeça de muita gente branca, hétero e conservadora.
Lud e Bruna, abriram caminhos que chocam muita gente, mas não tem volta. Como disse Dona Silvana, “não gostou? Vá reclamar com Deus”.
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