Justiça condena herdeiro das Casas Bahia por manter jovens de 16 a 21 como escravas sexuais
Publicado em:
14/07/2023
Saul Klein foi condenado
O processo contra o empresário Saul Klein finalmente chegou ao fim. A decisão da Justiça do Trabalho foi o pagamento de R$ 30 milhões por “dano moral coletivo” significando exploração sexual e escravidão de centenas de mulheres.
Jovens de16 a 21 anos recebiam promessas falsas para trabalhar como modelo e na verdade eram mantidas presas num sítio em Boituva (SP), e obrigadas a ter relações sexuais com ele, quando e como ele quisesse.
As fotos mostradas neste post foram obtidas do portal UOL da Folha e as vítimas tem o rosto coberto para preservá-las.
Não se pode chamar de fantasia sexual Saul vestido com roupa de príncipe. Na verdade, as vítimas eram submetidas à loucura do empresário.
No sítio as jovens ficavam presas sem poder usar celular, impedidas de sair por vigilantes armados.
Diversas vítimas foram contaminadas por infecções sexualmente transmissíveis (IST), e havia uma médica ginecologista durante as festas, que confirmou o problema médico.
O procurador do trabalho Gustavo Accioly, que assina a ação, explica o sistema:
“Algumas vítimas relatam que ficavam mais de 24h trancadas num quarto com o réu, e eram dominadas sexualmente a qualquer hora do dia, mesmo enquanto dormiam, sem qualquer chance de resistência física ou moral”. E o advogado continua:
“O que se combate aqui não é prostituição em si, já que, se ela fosse exercida de forma livre, consentida e voluntária, não haveria ofensa à ordem jurídica. Combate-se o ato de se tirar proveito econômico indevido de pessoas forçadas física ou moralmente, mediante abuso, fraude ou engodo, a praticarem atos sexuais sob forte subjugação”.
Saul, o herdeiro do fundador das Casas Bahia, Samuel Klein, foi denunciado por 32 mulheres, e usou como defesa ser um “sugar daddy”.
Sugar Daddy significa um homem mais velho e rico que sustenta mulheres mais jovens em troca sexo.
Depoimentos da vítimas
Um artigo no site pragmatismopolitico traz depoimentos muito fortes das vítimas:
“Eu tinha 17 anos. Uma mulher atrás de mim tirou meu vestido, me levou para o banheiro …. Fui para o quarto e, ali, ele começou tudo. Quando terminou, eu só chorava. Ele tem uma barriga enorme que pressiona, segura a gente … Comecei a pedir para parar, e ele não parava. Ele [Saul Klein] não gostava de cortar a unha, pedia para a gente lixar. A unha comprida arranhava. Já cortou menina por dentro”
Uma segunda vítima acreditou que estava conseguindo uma vaga de modelo, mas assim que ficou sozinha com Saul foi estuprada:
“Assim que saí do quarto dele, a Puca [uma das aliciadoras] veio e disse: ‘Amiga, você passou, ele falou que você é ouro’. Como se ela estivesse me dando estrelinha, dizendo: ‘Você fez o trabalho certo’”, e a vítima continuou contando:
“Eu só chorava. Ela dizia para eu parar de chorar, que ia aumentar meu cachê, falando que eu ia para a casa dele. Falei que não queria ir. Continuava chorando, e ela dizendo: ‘Vou aumentar R$ 1.000’. Nunca tinha visto tanto dinheiro na vida, minha mãe é empregada doméstica”. A vítima acabou aceitando e se submetendo.
A justiça tardou porque o empresário tinha dinheiro para contratar bons advogados mas no final houve a punição com o pagamento de R$ 30 milhões de indenizações.
A sentença também determinou que Saul está proibido de recrutar mulheres para exploração sexual e situação de escravidão. Se for apanhado fazendo isso terá que pagar R$ 100 mil a cada nova infração.
O empresário, que não tem culpas ou problemas de consciência, vai pensar duas vezes antes de agir porque única a dor que ele consegue sentir é no bolso.
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